Dias em que não tenho tido tempo para as coisas e pessoas que realmente
gosto. Tempo de qualidade. Tempo em que a minha alma está com essas pessoas e
não apenas o meu corpo.
Sinto falta disso. Porque não sei viver sem isso.
Têm mesmo sido dias tramados. Muito trabalho. Algum que
gosto, outro nem por isso. Mas, tendo em conta o momento que o nosso país
passa, só posso agradecer ter.
Depois, trabalho reconhecido e trabalho menos
reconhecido. O segundo modelo entristece-me mas também me motiva. De uma maneira
diferente do primeiro, é certo, mas motiva. Porque me irrita. E quando eu me
irrito, nem sei bem explicar porquê, ganho mais força. Mais vontade de mostrar
que sou capaz.
Claro que há alturas em que este tipo de auto-motivação
não é imediato. Mas tento parar, respirar, pensar e analisar a situação. Friamente.
Preparo o corpo mas também a alma. E vou com tudo. Contra todos, se for
necessário. Ou, pelo menos, contra os que for preciso.
E depois agarro-me muito ao trabalho reconhecido. Ao que
faço de melhor e que é notado. Sim, gosto que notem. Algum problema? Gosto de ser
mimada. Gosto da palmadinha nas costas. Pois gosto! Aliás, quem não gosta?
Estes foram também dias em que me ensinaram a tentar
mostrar a quem de direito e sempre que necessário, que espero reconhecimento, que
preciso dele para continuar a lutar. Mas virando o bico ao prego.“Põe a questão
ao contrário. Não ataques. Não te queixes. Diz que o problema está em ti. Que precisas
desse alimento. É muito provável que essa pessoa não se tenha apercebido disso
e que só precise de um alerta.” Aquilo ficou-me na cabeça. “És capaz de ter
razão”, respondi. E um dia, quando a oportunidade surgir, vou fazê-lo.
Para além disto, foram dias em que também me surpreenderam
com uma informação que me intrigou. Vá, confesso que magoou um bocadinho. Foi saber
que alguém - ok, que já não trabalha comigo, mas que trabalhou durante alguns
anos - na altura me “odiava”. Bolas… Aquilo apanhou-me de surpresa. ”Odiava”?
Mas “odeia-se” assim alguém com quem pouca ligação se tenha, ou com quem se tem
apenas uma relação profissional? Pelos vistos que há quem ache que sim.Que “não vão com a minha cara”, que não gostem do meu feitio, ou do facto de ter dias em que estou mais "espaçosa", barulhenta, bruta, até posso entender. Afinal não conseguimos agradar a todos. Mas…”odiar”…? C`um caraças. Desta não esperava.
Claro que sei o porquê. Entre outros, terá tido a ver com o facto de ousado dizer não a uma questão de trabalho que, como profissional que sou, não deixei passar e travei.
No entanto, tenho consciência de que travei de forma certa e, acima de tudo, fundamentada. Mas, para essa pessoa, “confrontei”. E há quem não admita ser confrontado. Mas nem este episódio que, apesar de não ter esquecido fechei numa gaveta, era razão para um sentimento tão forte. E mau. E pobre.
Bem sei que devemos dar importância apenas às pessoas relevantes
para nós. É o que sinto e foi o que ouvi de quem tem por mim algum apreço e
acabou por saber deste caso. Mas isto de me “odiarem”, intrigou-me. E, como disse lá em cima,
magoou-me um piquinho.
Há uns anos atrás ia gostar de ter quem de mim não gostasse.
Mas a idade avança, a experiência pesa e hoje preferia passar mais despercebida.
Porque gosto que gostem de mim. Mas a vida é mesmo assim. E, se já sobrevivi a tanto, sobrevivo facilmente a isto. Com alguma mágoa e com algumas marcas, mas sobrevivo.
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