17 de novembro de 2013

Com quem se conta

Temos malta do marketing e da comunicação. Temos artistas e engenheiros civis. Temos executivos de topo, gente ligada ao desporto e ao fitness.

Por estas bandas há um pouco de tudo. E, com isso, abundância de conversas. Mas, principalmente, palhaçada.

Crianças, animais. Boa comida, boa bebida. O modelo “todos-contribuem-e-assim-dá-para-todos". E uma casa onde cada canto é uma memória.

20 anos de amizades. Do tempo das saídas à noite. Dos dias longos de praia. Das loucuras da idade. Das grandes histórias de amor. Dos dias com banda sonora. Músicas que ainda cantamos quando relembramos as viagens e os momentos. Quase todos hilariantes…

Histórias que ficam para sempre. Episódios que repetimos quando estamos juntos, mas que nos fazem rir como se os estivéssemos a ouvir pela primeira vez.

Foram anos que nos marcaram, que nos formaram. Estávamos no início de carreira. Mas também no auge da juventude.

Hoje somos todos quarentões. Os que não são, estão perto. Ou passaram por esse número há pouco tempo.

O mundo mudou. Todos nós mudámos com ele. E até a amizade que sentimos uns pelos outros. Porque cresceu. Fortaleceu. Passou a ocupar ainda mais espaço nos nossos corações.

Caramba, enquanto escrevo estas linhas, percebo como gosto destas pessoas...Conhecemo-nos tão bem, mas tão bem, que estarmos juntos é quase como estarmos em família. Como da ronha no sofá, de pantufas, da manta e do carrapito na cabeça se tratasse. Sem capas. Ao natural.
 



Enche-me o coração ouvir a Rodrigues recordar com prazer que me levava a sair à noite mesmo quando a minha irmã preferia ficar por casa. “Não te preocupes, pá, ela vem connosco!”. E ia. Com elas como se fosse com a mana.

Pegar-me o colo, subir-me pelas escadas, levar-me à casa de banho, tudo fazia parte. Não havia obstáculos. Nada nos parava. Aliás, nada nos parou.

Como daquela vez em que nos enfiámos no carro e só paramos em Badajoz para irmos ao El Corte Inglés. E à praça principal, para comer calamares. E à casa de banho daquela garagem onde fiquei entalada na sanita quando me sentaram. Entre gargalhadas, foi o cabo dos trabalhos tirar-me dali!

Como daquela vez em que bebemos um copo a mais, subimos as escadas do meu prédio às cavalitas mas correu mal e nos esborrachamos no meio do chão a rir. Com a minha mãe lá em cima, de porta aberta, à nossa espera. Ops.

A verdade é que nos divertimos à grande. Aproveitámos como merecíamos. E hoje, tantos anos depois e com vidas tão diferentes, continuamos por cá.

Não somos de beijos e de abraços porque sim. Por isso, quando somos, sabe-nos melhor. Mas somos de palavras de conforto. E de abanões, se for preciso. De wake up calls.

Quando alguém me pergunta como foi possível ultrapassar tudo e manter a auto-estima, respondo com estas histórias. É a esta gente que devo grande parte daquilo que hoje sou como ser humano.

Olhando para trás, e analisando cada momento, mesmo os piores, percebo como a vida tem sido generosa comigo e como tem atravessado no meu caminho as pessoas certas. Pessoas que entraram na minha vida por acaso, mas que não é por acaso que por lá se mantêm.

Já passaram 20 anos. Pois que passem muitos mais.

1 comentário:

  1. Passarão certamente! Laços destes só podem apertar-se cada vez mais! E aquecem tanto o coração!
    :)
    Um beijinho!

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