Os dias duros, daqueles que magoam na alma, roubaram-ma. Não encontro a
minha inspiração.
Os últimos meses têm sido passados na companhia de um coração que salta
demasiado dentro do peito.
O peso na alma tem-se acumulado. Alguma incerteza, uma espécie de aperto.
Esperámos todos os dias pela decisão. Esperámos todos os dias que, quem tinha
que decidir, a esquecesse. Trabalhámos todos os dias para que, quem tinha que
decidir, se interrogasse se seria mesmo essa a melhor decisão. Esperando que resolvesse
que não.
O dia chegou. A decisão não foi a que queríamos.
Os dias que se seguiram têm sido para juntar cacos. E, com eles, tentar
reconstruir uma peça igual àquela que tínhamos antes de quebrar
em demasiados pedaços.
Como aquele galo de Barcelos que tenho em cima do armário verde-alface do
meu quarto, que já tantas vezes caiu ao chão, e que já tantas vezes colei. Caco a caco.
A verdade é que o galo não ficou igual, nunca mais ficará. Mas continua a tornar aquele meu espaço mais colorido. Ao lado das matrioskas e das kokeshis, que
também por lá se mantêm para me proteger e trazer-me sorte. A mim e a quem me
rodeia.
Pois bem, tal como o galo, acontece-nos cairmos ao chão de quando em vez e as
nossas vidas esborracham-se como castelos de cartas. Partimo-nos todinhos.
Mas a cola da
vida, a cola de querer viver, tem o poder mágico de unir os cacos. De nos colar as entranhas que antes achámos
impossível colar e de voltarmos a brilhar. Com algumas cicatrizes, mas cheios de
luz. Quem sabe mais ainda. E estamos prontos para continuar a ocupar aquele lugar nas vidas de quem nos
rodeia. E nos corações.
O meu galo, mesmo todo coladinho e cheio de "cicatrizes", não vai sair dali de cima. Porque ainda tem muitos anos de armário verde-alface pela frente.
Os teus caquinhos, mesmo colados e colados, não te tiram o brilho. Há coisas que nem mil safanões da vida apagam. ;) beijinhos
ResponderEliminar"Esse" galo não vai deixar de cantar, se o conheço bem, vai arranjar cola super forte, reunirá todos os cacos com a força, a competência e a determinação que só ele têem e cantará ainda mais alto num outro poleiro.
ResponderEliminar...... porque raio escrevi "têem" em vez de "tem"?
ResponderEliminarE o galo continua lindo!
ResponderEliminarProvavelmente já ultrapassou o ditado do gato, aquele que diz que os gatos têm 7 vidas.
Beijos e parabéns pelo blog
Sofia
(www.ncumplicidades.blogs.sapo.pt)
Olá Marta,
ResponderEliminarPois é na vida todos acabamos por nos esfrangalhar de vez em quando, as marcas e as cicatrizes cá ficam, e a discussão eterna mantém-se tb se elas nos tornam mais fortes ou se pelo contrário nos enfraquecem. Mas lá está fica a experiência dolorosa que nos ajudará a seguir em diante.
_o/
Obrigado.
Até ao próximo,
Bruno