Por
estas bandas há um pouco de tudo. E, com isso, abundância de conversas. Mas, principalmente,
palhaçada.
Crianças,
animais. Boa comida, boa bebida. O modelo “todos-contribuem-e-assim-dá-para-todos".
E uma casa onde cada canto é uma memória.
20 anos de
amizades. Do tempo das saídas à noite. Dos dias longos de praia. Das loucuras
da idade. Das grandes histórias de amor. Dos dias com banda sonora. Músicas que
ainda cantamos quando relembramos as viagens e os momentos. Quase todos
hilariantes…
Histórias
que ficam para sempre. Episódios que repetimos quando estamos
juntos, mas que nos fazem rir como se os estivéssemos a ouvir pela primeira
vez.
Foram
anos que nos marcaram, que nos formaram. Estávamos no início de carreira. Mas
também no auge da juventude.
Hoje
somos todos quarentões. Os que não são, estão perto. Ou
passaram por esse número há pouco tempo.
O mundo
mudou. Todos nós mudámos com ele. E até a amizade que sentimos uns pelos
outros. Porque cresceu. Fortaleceu. Passou a ocupar ainda mais espaço nos nossos
corações.
Caramba,
enquanto escrevo estas linhas, percebo como gosto destas
pessoas...Conhecemo-nos tão bem, mas tão bem, que estarmos juntos é quase como estarmos
em família. Como da ronha no sofá, de pantufas, da manta e do carrapito na
cabeça se tratasse. Sem capas. Ao natural.
Enche-me
o coração ouvir a Rodrigues recordar com prazer que me levava a sair à noite
mesmo quando a minha irmã preferia ficar por casa. “Não te preocupes, pá, ela
vem connosco!”. E ia. Com elas como se fosse com a mana.
Pegar-me
o colo, subir-me pelas escadas, levar-me à casa de banho, tudo fazia parte. Não
havia obstáculos. Nada nos parava. Aliás, nada nos parou.
Como daquela
vez em que nos enfiámos no carro e só paramos em Badajoz para irmos ao El Corte
Inglés. E à praça principal, para comer calamares. E à casa de banho daquela
garagem onde fiquei entalada na sanita quando me sentaram. Entre gargalhadas,
foi o cabo dos trabalhos tirar-me dali!
Como daquela
vez em que bebemos um copo a mais, subimos as escadas do meu prédio às
cavalitas mas correu mal e nos esborrachamos no meio do chão a rir. Com a minha
mãe lá em cima, de porta aberta, à nossa espera. Ops.
A
verdade é que nos divertimos à grande. Aproveitámos como merecíamos. E hoje,
tantos anos depois e com vidas tão diferentes, continuamos por cá.
Não
somos de beijos e de abraços porque sim. Por isso, quando somos, sabe-nos
melhor. Mas somos de palavras de conforto. E de abanões, se for preciso. De
wake up calls.
Quando alguém
me pergunta como foi possível ultrapassar tudo e manter a auto-estima, respondo
com estas histórias. É a esta gente que devo grande parte daquilo que hoje sou como
ser humano.
Olhando
para trás, e analisando cada momento, mesmo os piores, percebo como a vida tem
sido generosa comigo e como tem atravessado no meu caminho as pessoas
certas. Pessoas que entraram na minha vida por acaso, mas que não é por acaso
que por lá se mantêm.
Já
passaram 20 anos. Pois que passem muitos mais.
Passarão certamente! Laços destes só podem apertar-se cada vez mais! E aquecem tanto o coração!
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Um beijinho!