Há um ano não estava com borboletas na barriga. Estava com tudo o que tivesse asas a batê-las pelo meu corpo todo.
Depois de meses de trabalho, tinha chegado a hora. O Ser Feliz é Uma
Escolha estava à venda há uns dias e eu ia juntar os meus amigos para um
momento único: o lançamento da minha história em livro.
Quando acordei, sentei-me na cama e disse a mim própria “Canária, isto é
um dia especial mas vais vivê-lo com tranquilidade para o conseguires saborear.”.
Nada me iria stressar.
Escolhi minuciosamente o que ia vestir mas, acima de tudo, tive o cuidado
de optar por algo simples e confortável, que não me obrigasse a estar
constantemente preocupada com o decote, com a manga, etc.
Não quis ir ao cabeleireiro. Quem me conhece sabe que, apesar de gostar do
resultado final e de ser sempre tratada como uma princesa, aquelas horas
tiram-me energia.
Tentei ter um dia normal, de trabalho. Marquei reuniões, para me obrigar a
estar focada em mais do que aquilo que seria o meu fim do dia.
Mas, depois de almoço, já a passarada se tinha começado a mexer dentro de
mim, não deu para evitar.
Cheguei ao local do lançamento, o magnífico Oceanário de Lisboa. onde
estava um auditório enorme à minha espera. E caiu sobre mim o terror de não o
conseguir encher.
Aquilo estava marcado para as 18h. E a essa hora começaram a chegar
convidados. 10, 20, 30, tantos. Foram-se sentando e compondo aquele espaço que,
em tão pouco tempo, se tornou pequeno. Centenas de amigos aceitaram o convite.
Saíram mais cedo. Deram a volta à vida para ali estarem.
Tremi quando vi o presidente da minha empresa a sentar-se lá em cima, discretamente,
junto da restante administração. Tal como tremi quando vi o Dr. Balsemão a chegar e
a sentar-se ali mesmo, à minha frente. Perto da minha mãe e da minha irmã, e ao
lado da Carlota, vestida com a camisola do Sporting que o meu treinador, famous JJ, apareceu para me oferecer. Se aquilo era um sonho, não me acordassem, sff.
Diverti-me com a apresentação do João Miguel Tavares, emocionei-me com a história do
João Duque, viajei no tempo com a memória do Aurélio Pereira. Enquanto eles falavam, percorri
várias vezes a plateia com os olhos. E parei nas enfermeiras que me trataram.
Nos colegas que tinham acabado de reunir comigo. Nos amigos que não via há
anos. Nos que vejo sempre. Nos que só me conheceram ali. E pensei “porra, se me der um chilique agora, morro feliz”. Juro que pensei.
Seguiram-se semanas alucinantes, necessárias à promoção do livro, em que me
senti em excesso de velocidade. Lembro-me de ter entrado na sala de um dos meus
administradores no dia seguinte ao lançamento, e de ele ter comentado: “entããão…grande
momento o de ontem!”. Coitado, mas ele sabia o que o esperava. Meti a primeira e o desgraçado nem conseguiu
falar mais. A não ser para me travar a fundo com um “bom, já percebi que estás imparável,
é muito bom ver-te assim, um orgulho, aproveita cada minuto, vive-o…mas agora
temos que terminar a nossa conversa porque já estou atrasado para uma reunião…”.
“Ops”, pensei, “cala-te lá um bocadinho Marta Canário, e deixa o homem
trabalhar!”.
A partir daquele dia mudei mais um bocadinho. A peça que era o livro,
encaixou na perfeição no puzzle tenho vindo a construir da minha vida. Tinha
feito mais uns quilómetros do meu caminho. Estava mais próxima daquilo que
queria para mim.
Mas não fui só eu que mudei com isto. De repente, a frase “ser feliz é uma
escolha” passou a fazer parte do vocabulário de quem me rodeia. No meio de
reuniões de trabalho ou de conversas com amigos, não são poucas as vezes que
alguém se sai com um “olha que que ser feliz é uma escolha, pá!”.
(até o #serfelizéumaescolha acompanha os posts dos meus amigos, caraças!).
Sinto sempre o peso da responsabilidade, mas também um orgulho gigante.
2016 não foi mais um ano. Foi o 1º ano do resto da minha vida.
Há feridas tão profundas
ResponderEliminarMas todas as feridas saram. Por muito profundas que sejam ;)
EliminarMarta não te conheço. É a primeira vez que estou a ler algo de ti. Gostava de te dar os parabéns porque só conseguimos algo especial quando saímos da nossa zona de Conforto. Esse tocar em quem te rodeia é tão bom. Agora só falta dizer "Ser feliz é uma escolha". Gratidão DV
ResponderEliminarOlá! É, realmente, fantástico, poder fazer a diferença na vida das pessoas. Sou muito grata por isso...
EliminarE espero que consigas um dia dizer Ser Feliz é Uma Escolha sim! Basta olharmos para os desafios que a vida nos coloca com o objetivo de os ultrapassarmos! Definindo um caminho e fazendo tudo para lá chegar. Nem sempre é fácil, nem sempre é a direito, mas é possível! Um beijinho!