Conhecemo-nos um pouco antes de eu entrar para a Novabase. Ainda estava a estudar. Devia ter uns
20 anos.
Era fim de semana
e eu tinha ido com a minha irmã assistir a uma das muitas convenções de fitness
que ela frequentava.
Nessa altura,
como hoje, gostava daquele movimento. Da música alta. De dançar.
Já estava de
cadeira de rodas mas isso não impedia o meu corpo de vibrar com toda aquela adrenalina. Não podia participar,
mas deliciava-me a ver. Aliás, como ainda hoje.
Não sabemos quem
nos apresentou. Alguém foi. Falámos um bocado. Eu devo ter falado muito, porque
falo sempre muito.
A convenção
acabou, despedimo-nos e nem pensámos se a vida nos voltaria a colocar no mesmo
caminho. “Adeus, até um dia destes, quando houver nova convenção apareço!”
Anos mais tarde,
com 23 anos, voltámo-nos a cruzar. Desta vez, no mundo do trabalho. Depois de
uma entrevista, fui contratada para fazer a ponte entre a empresa onde ele trabalhava e os media,
agora que se avizinhava uma entrada em bolsa e era necessário ganhar alguma
visibilidade-extra.
Cruzámo-nos
montanhas de vezes no corredor ao longo dos anos e era engraçado ter por ali
alguém que me conhecia fora daquele ambiente. Que conhecia a minha irmã e alguns
dos meus amigos. Alguém mais “familiar” que os outros. Trabalhámos juntos umas vezes mas a empresa foi crescendo e fomo-nos perdendo de vista.
No fim do ano
passado a minha equipa passou para o andar dele e voltámo-nos a ver com mais
frequência. Sempre que nos cruzamos dizemos umas graçolas um ao
outro, e seguimos.
Ontem reencontrámo-nos, com mais tempo, na copa. Ele encostou-se ao balcão a comer uma gelatina, eu
tirei um café.
Conversámos sobre
o dia a dia e revivemos aquele em que, há mais de 15 anos, nos conhecemos. E o
Carlos - é o nome dele - relembrou-me a nossa conversa. Do conteúdo da
nossa conversa. Que já me tinha esquecido.
Eu andava no
último ano da faculdade e estava cheia de planos, que partilhei com ele. “Notava-se
que querias conquistar o mundo.”
(E percebeu bem, porque queria.)
Apesar de não me
ter demonstrado, o Carlos tinha ficado com medo que eu não conseguisse. “Vi-te
cheia de vontade e com a certeza absoluta de que ias chegar longe. Mas confesso-te que achei
que, tendo em conta a sociedade em que vivemos, cheia de preconceitos, ia ser difícil.”
Engraçado,
pensei, essa hipótese nem me passava pela cabeça. Se eu queria, eu ia
conseguir. Ponto final. Não havia outro desfecho possível.
Olhei para o Carlos
que me disse “vendo onde chegaste, não sabes como eu fico feliz por me ter
enganado…”
E ele nem sabe
que isto é só o começo. Ou se calhar sabe. Agora já sabe.
Ó Marta, tu és uma inspiração! <3
ResponderEliminar:), um beijinho grande!
EliminarMuito bom. Sempre grandes testemunhos. _o/ Bem hajas.
ResponderEliminarObrigada Bruno :)!
Eliminaruma inspiração e uma guerreira!adoro ler os teus textos .beijinho
ResponderEliminarObrigada Ana! Um beijo!
EliminarÉs única!!!
ResponderEliminarE sabes que sou uma das tuas fãs. ;)
Beijinhosss