Quem me conhece
sabe que sou das que não se apaixona facilmente.
O filme repete-se
com alguma frequência. Começa quase sempre quando surge alguém que consegue captar a minha atenção.
Liga-se uma espécie
de luzinha e fico alerta. Primeiro tendo a manter-me à distância. Finjo que não
reparo, mas vou reparando. E reparo em tudo mesmo, caso me interesse. Depois, se esse
alguém se aproxima, disparam os botões todos. A cabeça começa a carburar e entro
automaticamente em modo “ai-meu-Deus-vamos-lá-analisar-isto-a-fundo”.
Antes de ir em
frente, e antes de me deixar bater de frente, peso os prós e os contras. O que, vendo bem, é positivo, porque devemos ser ponderados. Mas eu sou mais do
que isso. Volto repetidamente aos prós, e depois também aos contras. E gasto algum
tempo aqui.
Deixo-me inebriar pelos primeiros, que me seduzem. No
momento imediatamente a seguir olho para trás...e lá estão os segundos. Que aceleram
o passo, ganham espaço. Na maior parte das vezes são estes que acabam por se
aninhar inteligentemente no meu colo, e por lá ficar, parecendo apostar todas as fichas na
paz que sabem que me trazem. E que sabem que gosto.
Costumo dizer que nestas alturas entro numa espécie de transe que
dura pouco tempo, porque o músculo da razão está mais trabalhado que o do coração
e acaba por abafá-lo. Mais tarde ou mais cedo – e tem sido sempre mais cedo que mais tarde. Mas ele tenta, coitado. Bate mais
rápido, esquiva-se das investidas da razão, esmifra-se para ser ouvido. Só que
ela esgota-o, seca-o, mesmo que devagarinho, round a round, e knockout com ele. Há alturas em que o pobre
diabo chega a acreditar que daquela vez é que foi, daquela vez é que ganhou. Mas a razão ri-se, de orelha a orelha, porque sabe que saiu, mais uma vez, vencedora.
Nada de novo afinal. Siga.
Não há grande
volta a dar, é mesmo assim. Sou mesmo assim.
Avanço, mas sem tirar os pés do chão. Vou em frente, mas antes meço e planeio cada milímetro do meu
caminho. Não me perco com facilidade. Nem nos amores, nem em nada. Antes encontro-me
sendo “caninamente” fiel àqueles que me trazem a tranquilidade que tanto gosto.
E por tudo isto,
ou sou a careta de serviço - porque não te soltas, porque não vives a vida em
pleno - ou sou a esperta - que com alguma facilidade consegues evitar a maioria
dos sobressaltos que a vida nos traz.
Sei que com isto umas
vezes ganho, outras perco. Sei disso tudo. Mas aos "quase-40", e sentindo-me bem assim, não se
muda facilmente. E se um dia isso acontecer, não é porque a razão perdeu para o
coração. No limite, é porque os dois se entenderam.
Apresentas aqui a eterna luta entre o coração e a razão, neste caso a tua luta. ;-)
ResponderEliminarTodos nós temos sempre esta luta constante dentro de nós uns têm mais de coração outros mais de razão, e assim as coisas prosseguem.
Marta escreves lindamente. É quase escusado dizer, bom post!
Abraço,
Bruno
Adorei és Brilhante!!!
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