26 de abril de 2018

O jogo da (minha) cadeira (de rodas)

As semanas anteriores a ter que voar são quase sempre de algum desconforto. A verdade é que não gosto de sair do chão nem de saber que a minha cadeira vai longe de mim e que algo lhe pode acontecer. Ou de sentir que se precisar de ir à casa de banho a meio da viagem, vai ser um circo. Por isso, durante os dias que antecedem uma viagem de avião, ando ansiosa e a pedir lá “pra” cima que a hora do regresso chegue rápido.
Chego ao aeroporto com a minha mãe duas horas antes do voo.
Balcões de check-in vazios, ótimo, posso escolher. Opto pelo que tem a colaboradora mais velha, acreditando que me vai ajudar o facto de ser experiente. Entrego o bilhete eletrónico e explico que quero ir na minha cadeira até ao avião, que foi isso que combinei quando comprei o bilhete.
A senhora levanta-se, empoleira-se na caixa do check-in, olha atentamente para a minha cadeira, abana as mãos e a cabeça ao mesmo tempo e pergunta “consegue andar ou…” Respiro fundo – percebo que tenha que fazer a pergunta, mas encanita-me da mesma forma – respondo “paraplégica”. E sorrio.
Ver texto completo no Delas.