1 de março de 2013

"Amar não é olhar um para o outro. É olhar juntos na mesma direcção."

O amor. A paixão. Hoje apeteceu-me falar-vos disto. Não sou especialista na matéria mas, como qualquer mulher que se preze, tenho opinião sobre o tema...!

Acho que tudo começa com paixão. Até aqui parece-me consensual. Depois, das duas, uma. Ou acaba em amor. Ou acaba…e pronto. E se acaba e pronto é porque não chegou ao amor. Ficou-se pela paixão.

A paixão é louca. E torna-nos meios loucos. Mas loucos de, por vezes, perder a cabeça.

Ao ponto de sentirmos as tais borboletas na barriga. E o coração a 100 batidas por minuto só de sentir que o outro está por perto.
É ficar exagerado. Rir demais, falar demais. Tudo demais.

É ser "a princesa". Ou "o príncipe".
Estar apaixonado deixa-nos patetas. Leva-nos a fazer coisas que jamais pensaríamos um dia vir a fazer. Ir por caminhos que antes até criticámos. "Eu, fazer isso? Nunca!!" Mas só porque não estávamos apaixonados. Agora que estamos, é precisamente esse o caminho que fazemos. E conscientes. O nunca deixa de fazer sentido.

A paixão queima. E o que queima dói. É intranquila. É frágil. A mim até me faz perder o apetite. O que, vendo bem, não deixava de dar jeito...
No início leva-nos às nuvens. Faz-nos contar as horas, os minutos e os segundos para voltar a estar com o outro. Tudo passa para segundo plano. A prioridade é aquilo. Aquele.

Faz-nos feliz, também é certo.
Mas a paixão tem um tempo. E vai perdendo a força ao longo dele.

E agora, vamos ao amor. Ai o amor...Haveria tanta coisa para dizer sobre o amor, mas serei concisa.
O amor começa quase sempre com a paixão. Com o tal arrepio que se sente quando os olhares se cruzam. Mas depois da fase pateta, louca, depois do subir às nuvens…há uma espécie de mudança. E é aí que, mais uma vez, das duas, uma: ou se transformou em amor…ou não se transformou em amor.
E o amor é ficar feliz por ter aquela pessoa ao nosso lado. Para sempre.

É aceitá-la como ela é. Com defeitos incluídos. Todinhos.

É ser um mas dar espaço ao outro.
É partilhar com ela como correu o nosso dia. E ela ouvir com interesse. Mesmo que o dia tenha sido uma belíssima seca.

É ter na outra pessoa, a sua melhor amiga. A quem nada se esconde. Com quem tudo se partilha. Sem pudores ou constrangimentos.
É não querer nunca magoar. E quando isso acontece, sem querer, pedir desculpa, conseguir ser desculpado, e não repetir.

É sentir o mesmo que a outra pessoa sente. Feliz quando ela está feliz. Triste quando ela está triste.
É achá-la bonita sem maquilhagem, de carrapito e pijama vestido. E ele…vá, com graça de camisola de alças, boxers e meias até ao joelho. Sim, esta custa, mas amor também é isto.

É ser "a rainha". Ou "o rei".
É nunca nos deitarmos chateados. Ou deitar, mas dormir agarradinhos na mesma. Porque assim amanhã já passou.

Amor é encontrar a tal tampa para a nossa panela. A outra metade da laranja.
É comer as omeletes com cogumelos que ela fez como quem come um prato de sinfonia de porco preto com gnocchis e batata com limão e molho de carbonara. Tudo regado pelo melhor vinho do mundo.

É saber na ponta da língua a cor preferida, o filme preferido e a música preferida. Ou, pelo menos, acertar numa delas.
O amor nunca acaba. Mesmo que as pessoas se separem. Porque o amor, quando isso acontece, transforma-se. Em amizade. E a amizade, se for de verdade, essa sim, é eterna.

Eu amei uma vez e apaixonei-me outra. E, pelo menos comigo, foi assim. Mas cada um sente à sua maneira.
Termino com um vídeo que me tocou. Sobre o amor e o que fica quando ele passa. Se é que passa.

Mas antes, uma explicação sobre o que vão ver:
"Nos anos 70, Marina Abramovic viveu uma intensa história de amor com Ulay. Durante 5 anos viveram num furgão realizando todo tipo de performances. Quando sentiram que a relação já não valia aos dois, decidiram percorrer a Grande Muralha da China; cada um começou a caminhar de um lado, para se encontrarem no meio, dar um último grande abraço um no outro, e nunca mais se ver.

23 anos depois, em 2010, quando Marina já era uma artista consagrada, o MoMa de Nova Iorque dedicou uma retrospectiva a sua obra. Nessa retrospectiva, Marina compartilhava um minuto de silêncio com cada estranho que sentasse a sua frente.

Ulay chegou sem que ela soubesse e...foi assim."



PS – para os que ainda acreditavam que eu era uma pedra e que não ligava a estes temas...estavam enganados!

4 comentários:

  1. Magnifico Marta. Sinto que as coisas são como dizes, e fico meio sem palavras (ou demasiado cheio delas, para um comment em blog alheio) para este testemunho da Marina e Ulay... Talvez um dia eu deva dar o meu proprio testemunho. :)

    Abraço

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  2. Transformar a Paixão num Amor eterno é o mais difícil mas não é impossível. E todo o Amor verdadeiro tem sempre momentos de Paixão.

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  3. Tema especial para uma pessoa também com amor para partilhar.

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  4. Não sou de ler blogues. Por razões que não têm a ver com blogues nem com os seus autores, mas por achar que posso comprimir o tempo nas [outras] coisas que faço. Talvez.

    Ironia ou "guidance", hoje visitei o teu blogue.
    A curiosidade inicial de ex-colega de trabalho foi o pretexto para ir lendo. Passou a interesse pelo texto, pelo estilo de escrita, a reflexo pessoal até que...vi este post e tive que parar de ler porque "outra coisa qualquer urgente" etc (façamos de conta).

    Obrigado Marta, por uns minutos de bloguice que me ajudaram a abrandar.

    Está nos bookmarks ;)

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