5 de março de 2013

Dos anos 80 aos 90. Dos melhores que já vivi!

Eram os “loucos anos 80/90”. Mas os meus foram calminhos. Calminhos mas muito divertidos.

Chegar a casa, depois de um dia de escola, fazer uma panqueca ou uma tosta mista - com 3 fatias de fiambre e 4 de queijo -, um refresco de café e ligar a televisão era uma das minhas “loucuras” diárias preferidas.
Na altura só havia um canal, e parte da tarde era preenchida pela mítica Vera Roquette e o seu Agora Escolha.


Espaço 1999, Acção em Miami, Modelo e Detective, Kung fu, Alf, MacGyver, A-Team, o Justiceiro, o Homem da Atlântida. Bloco A ou Bloco B. Um número de telefone para onde ligávamos e a escolha era nossa. E eu ligava sempre.

O Agora Escolha não foi um programa qualquer! O Agora Escolha foi um dos primeiros programas interactivos da televisão.

Depois havia o Adam Curry e o Countdown. Um programa de videoclipes. Era a nossa MTV. Vá, e o Adam, uma das minhas grande paixões...Europe, Level 42, Bananarama, Pet Shop Boys, The Smiths, Housemartins, Kim Wilde, Lloyd Cole, Nik Kershaw. Bom, foram tantos, que ficaríamos aqui um eternindade. 

Na mesma altura, eu, a minha irmã e a minha prima Tété, que já tinha perto de 15 anos, fazíamos parte do Clube Oficial de Fãs dos Duran Duran. Cada uma de nós tinha o seu eleito. Mas se eu optava por um que elas decidissem gostar, mesmo que de um dia para o outro, lá tinha que eu mudar de ídolo. Eu, não elas. Aconteceu umas vezes. Mas enfim, já se sabe que as mais novas são sempre as mais sacrificadas. Acabei por ficar com o Nick Rhodes…O mais feínho, diga-se de passagem.

Mas os Duran Duran não eram os únicos que seguíamos com atenção. Apesar de não fazermos oficialmente parte do clube de fãs, também gostávamos dos Kajagoogoo. E, sim, sabíamos o single “To Shy” de cor…Aliás, ainda hoje sei.
Nunca mais me vou esquecer no dia em que eles vieram a Portugal. E, claro, lá foram as primas para a porta do hotel Penta ver se tinham a sorte de os ver entrar. Esperámos horas. Horas! E nada. Nós e mais umas centenas de fãs.
A certa altura, e porque já era tarde, a mana e a Tété foram ao café mais próximo ligar para as nossas mães. Era preciso avisá-las de que ainda íamos demorar “porque eles ainda não saíram mas devem estar mesmo, mesmo a sair…!”. E lá foram as duas.

Mandaram-me ficar à porta da garagem do Penta, que estava longe da confusão da porta por onde se esperava que eles saíssem. A principal. “Não saias daí que nós não demoramos”. Aquilo para mim era mesmo uma ordem. Nem me mexi.
E ainda bem porque a sorte, meus amigos, estava do meu lado. Lá fiquei eu, encostada à parede da garagem do Penta, absolutamente sozinha, à espera que elas chegassem. Muito bem-mandada, portanto.

 
Eis senão quando acontece uma cena digna de filme: do nada abre-se a porta da garagem. Lá de dentro sai uma limusine branca. "Valha-me Deus que são eleeees"! E eu ali sozinha! Com as pernas a tremer e sem ninguém a quem me agarrar…a quem contar, com quem partilhar, pá!
Paraliso por completo. Só me lembro do ver o Limahl e o Nick Beggs a abrirem as janelas, olharem-me nos olhos, a mandarem-me um beijo e dizerem-me adeus. Tudo aquilo só para mim! Tinha 8 anos, caraças! Por muitos anos que viva, nunca mais me vou esquecer daquele momento.

Quando voltei ao meu estado normal lembro-me de ter pensado “e aquelas totós que foram ligar às nossas mães precisamente agora. E as outras especadas à porta do hotel e eles a saírem pela garagem…!” Lucky me!

Nesta altura jogava Pac-Man, comprava a Bravo em alemão e forrava as paredes dos quartos com os posters que ali eram publicados. Ouvia a Nena e os "99 red balloons".


Ensaiávamos coreografias durante a tarde, ligávamos aos nossos pais para eles chegarem mais cedo. Temos “uma surpresa preparada para vocês”. Pais que, depois de um dia extenuante de trabalho, ainda se sentavam no sofá a assistir ao nosso espectáculo.

Entre vários, cantavamos o We are the world. Com a minha irmã. Cada uma de nós imitava um cantor. Ainda hoje fazemos isso na perfeição! É só porem-nos à prova.
 
Eram os anos 80/90. Eu vivi-os, calmamente, entre os 5 e os 14. E, quem como eu viveu estes anos e estes momentos, mesmo que assim, calmamente, sem grandes loucuras, teve uma sorte gigante. Porque estava tudo a começar.

Novas bandas, novos estilos, novos canais. Mais informação, mais tudo. Inovação, atrás de inovação. Muita coisa a acontecer pela primeira vez. Portugal estava a abrir-se ao mundo a uma velocidade enorme. E eu a viver aquilo tudo. Ao vivo e preto e branco. Mais tarde, a cores.
E sim, passaram-me as paixões platónicas. Começaram as mais…eu diria, realistas. Mas dessas, quem sabe se falarei noutro dia? :)

4 comentários:

  1. A diferença de idades sente-se ao ler textos destes. Nesta altura andava eu a levar meninos à escola, à ginástica , à música etc. Mas ao sábado à noite ainda conseguia pular na discoteca ao som destas bandas.

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  2. Senti tudo aquilo que li, porque será? E foi nessa altura que nos conhecemos não foi? Beijinhos ;)

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  3. Os gloriosos anos 80. Tb os vivi intensamente. Só k eu era fanática msm pelos Spandau Ballett... Apaixonada p/ aquele morenaço...E não me escapava o Countdown do Adam... gravava os videoclips tds.... Fiz uma colecção imensa de VHS cheios de música k as caixinhas rotuladas k os títulos tds. Tb ouvia a Nena e cantava a plenos pulmões o "we are the world". Não comprava a Bravo mas comprava uma revista inglesa k já não recordo do nome... cheia de posters e k as letras das musicas da moda... foram uns anos gloriosos vividos intensamente.

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