A proposta do PS para a co-adoção por casais do mesmo sexo foi hoje aprovada por uma diferença de 5 votos, com 16 deputados do PSD a votarem a favor e 3 deputados do CDS a absterem-se.
A partir de hoje, um casal homossexual que se casou, e em que um deles adoptou uma criança, passa a poder partilhar legalmente a paternidade dessa criança. Um passo pequenino apenas, mas que espero que seja o primeiro de outros. Acima de tudo, de dar a um casal homossexual os mesmos direitos de um casal heterossexual. De não diferenciar.
Recebi a notícia com grande entusiasmo. Emocionei-me ao ver a reacção dos que, na Assembleia da República, assistiram em directo à decisão.
E foi com tristeza proporcional ao entusiasmo que li alguns comentários nas redes sociais, que se manifestaram contra a decisão. Respeito-os porque sou bem formada, mas não os aceito. Chocam-me. E mais me chocam quando vêm de jovens, muito jovens, que deveriam ter a mente mais aberta. Ou de gente informada. E isso entristece-me.
Acredito de coração que uma família deste género pode funcionar tão bem ou melhor que outra. Conheço alguns casos mas, mesmo que não conhecesse, bastava-me apenas uma palavra: amor. Tudo se resume ao amor. Tudo o que uma criança precisa é de amor. E com o amor vem o carinho, e com o carinho o equilíbrio. E, com o equilíbrio, um ser humano que ama e que sabe amar. Um ser humano de respeita o outro. Um ser humano daqueles que tanta falta fazem ao planeta.
E esse amor, carinho e equilíbrio podem ser
ensinados/transmitidos por um pai e uma mãe, por um pai, por uma mãe, por dois
pais, por duas mães.
Se um pai ama uma mãe, se uma mãe ama uma mãe, se um pai
ama um pai, se todos amam os seus filhos, esses filhos vão ser felizes.
Não é “o comum”? Não. Mas o que é que é “o comum” hoje em
dia? Quantos casais hetero vivem infelizes juntos uma vida inteira e passam
essa infelicidade aos seus filhos, fazendo deles adultos problemáticos? Por
outro lado, quantas famílias monoparentais (por opção ou não) criam adultos de excelência?
Que sociedade é esta que julga? Quem somos nós para
decidir por decreto que o certo é um homem criar um filho com uma mulher. Até
se podem maltratar, psicológica ou fisicamente, mas se é homem e mulher, tudo
bem. É isso? Quem somos nós para decidir pelos outros que para gostar têm que gostar de
alguém mas de sexo oposto. Caso contrário, são postos de lado. Por tantos e
ainda pela lei. Perdem os direitos apenas por causa da sua orientação
sexual. Porra, mas em que século vivemos?
Preconceito. É esta a palavra que, felizmente, me distingue
de quem pensa assim. Que tento respeitar mas que ninguém me pode obrigar a
aceitar.
É certo que o mundo continua cheio de injustiças, só que hoje estou
mais feliz porque esta já não é uma delas. E isso faz-me acreditar um bocadinho
mais na humanidade.
O que interessa mesmo? O seguinte:
Consagra a possibilidade de co-adoção pelo
cônjuge ou unido de facto do mesmo sexo e procede à 23.ª alteração ao Código do
Registo Civil
Artigo
8.º
Entrada
em vigor
A presente lei entra em vigor no
primeiro dia do segundo mês seguinte ao da sua publicação.
E que as crianças sejam felizes. Com pai e pai, pai e mãe, ou mãe e mãe. O
resto são tretas.
Como eu gostaria de ter escrito este texto. Parabéns, é isso mesmo.
ResponderEliminarFantástico!!!!
ResponderEliminarConcordo com tudo o que dizes!
ResponderEliminarRelativamente aos jovens que referes que fazem comentários preconceituosos pelas redes sociais e afins... não tenho dúvida que isso se deve, em grande parte, à educação que os pais lhes deram. Aposto que os pais desses jovens são tão preconceituosos como eles. Tenho um exemplo disso bem perto de mim...
Por isso é que ainda existe tanta falta de coragem das pessoas admitirem que são gays, perante os pais. Porque esses são, muitas vezes, os que sempre discriminaram os homossexuais.