Dias em que acordamos de
manhã com uma energia que contagia. Que chega a enervar. Outros em que procuramos em todo o lado, mas a energia e vontade estão tão bem escondidas que, mesmo dando a volta a tudo, não as encontramos.
Dias em que só queremos
confusão. Barulho. Gente. Conversa. Noutros, paz. E o sossego que só
conseguimos na nossa companhia.
Dias em que está tudo contra nós. Ou aqueles em que estamos contra todos. E depois os outros, em que os ventos sopram a nosso favor, viremo-nos para onde nos virarmos.
Dias em que guardamos em nós
toda a felicidade do mundo. E os dias em que a nuvem negra teima em não nos largar
as saias. Como as crianças. E que ainda nos deitam a língua de fora, de
gozo.
Dias em que acreditamos em
tudo. Em que juramos que conseguimos conquistar o mundo inteiro. Noutros desacreditamos de tudo.
Dias em que desatamos todos
os nós. Noutros sentimo-nos atados por eles.
Dias de dor fisica, de
alma ou de coração. Que contrariam aqueles em que sentimos que podemos curar o mundo de
todas as dores.
Dias em achamos que todas
as nossas cicatrizes estão fechadas. Noutros em que elas se abrem com uma
facilidade que assusta.
Dias em que o nosso umbigo
é o nosso melhor amigo. Noutros em que o nosso mundo só se realiza na felicidade dos
outros.
Dias em que arriscamos tudo.
Outros em que davamos tudo para não ter que arriscar.
Dias em que carregamos os
dias às costas. Outros em que só queríamos que os dias nos levassem ao colo.
Dias em que atacamos tudo
o que não gostamos. Outros em que nada fazemos para mudar o que nos desagrada.
Dias em que não damos pelo
cheiro das flores, da terra molhada, pelo cantarolar dos pardais. Noutros não
nos concentramos em mais nada senão nisso.
Dias em que sentimos que só
existem porque sim. Mas outros que nos fazem voar, em que sonhamos e que sentimos que não viviamos sem eles.
Dias em que fechamos os
olhos e, quando os abrimos, continuamos lá. Noutros fazemos o mesmo mas, quando
damos conta, já não estão lá.
Dias com tempo. Outros em
que o tempo passa sem lhe pormos a vista em cima.
Dias que duram dias.
Outros, apenas segundos.
Podemos vê-los a passar, ou passar por eles. Vivermos ou sobrevivermos. A escolha é nossa.
A vida esgota-se enquanto
piscamos os olhos. Por isso, vivamos. Sempre.
Abrir os olhos de
manhã. Encher o peito e respirar fundo. Estar por cá. Por aqui ou por ali. Agora ou depois. Mas por cá. Sempre. E, sempre que possível, viver a melhor parte.
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