11 de julho de 2013

Dia sim, dia não. Dia assim-assim. Mas dia.

Há dias em que choramos a rir. Em que temos que agarrar as bochechas com as mãos para que os músculos do rosto parem de doer de tanto rir. Outros em que também nos enchemos de lágrimas mas pelos piores motivos. E em que nenhuma mão nos consegue limpar o mesmo rosto.

Dias em que acordamos de manhã com uma energia que contagia. Que chega a enervar. Outros em que procuramos em todo o lado, mas a energia e vontade estão tão bem escondidas que, mesmo dando a volta a tudo, não as encontramos.

Dias em que só queremos confusão. Barulho. Gente. Conversa. Noutros, paz. E o sossego que só conseguimos na nossa companhia.

Dias em que está tudo contra nós. Ou aqueles em que estamos contra todos. E depois os outros, em que os ventos sopram a nosso favor, viremo-nos para onde nos virarmos.

Dias em que guardamos em nós toda a felicidade do mundo. E os dias em que a nuvem negra teima em não nos largar as saias. Como as crianças. E que ainda nos deitam a língua de fora, de gozo.

Dias em que acreditamos em tudo. Em que juramos que conseguimos conquistar o mundo inteiro. Noutros desacreditamos de tudo.

Dias em que desatamos todos os nós. Noutros sentimo-nos atados por eles.

Dias de dor fisica, de alma ou de coração. Que contrariam aqueles em que sentimos que podemos curar o mundo de todas as dores.

Dias em achamos que todas as nossas cicatrizes estão fechadas. Noutros em que elas se abrem com uma facilidade que assusta.
 
 
Dias em que queremos os focos virados na nossa direcção. E os outros em que só queremos estar atrás do palco, sem luzes, sem aplausos. Que não nos notem.

Dias em que o nosso umbigo é o nosso melhor amigo. Noutros em que o nosso mundo só se realiza na felicidade dos outros.

Dias em que arriscamos tudo. Outros em que davamos tudo para não ter que arriscar.

Dias em que carregamos os dias às costas. Outros em que só queríamos que os dias nos levassem ao colo.

Dias em que atacamos tudo o que não gostamos. Outros em que nada fazemos para mudar o que nos desagrada.

Dias em que não damos pelo cheiro das flores, da terra molhada, pelo cantarolar dos pardais. Noutros não nos concentramos em mais nada senão nisso.

Dias em que sentimos que só existem porque sim. Mas outros que nos fazem voar, em que sonhamos e que sentimos que não viviamos sem eles.

Dias em que fechamos os olhos e, quando os abrimos, continuamos lá. Noutros fazemos o mesmo mas, quando damos conta, já não estão lá.

Dias com tempo. Outros em que o tempo passa sem lhe pormos a vista em cima.

Dias que duram dias. Outros, apenas segundos.
 
Os dias passam. Uns melhor, outros pior. Outros, ainda, assim-assim. Só que não voltam para trás.

Podemos vê-los a passar, ou passar por eles. Vivermos ou sobrevivermos. A escolha é nossa.
 
A vida esgota-se enquanto piscamos os olhos. Por isso, vivamos. Sempre.

Abrir os olhos de manhã. Encher o peito e respirar fundo. Estar por cá. Por aqui ou por ali. Agora ou depois. Mas por cá. Sempre. E, sempre que possível, viver a melhor parte.

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