26 de julho de 2013

Se for preciso, manda um grito e volta para dentro.

Há dias em que acordamos porque sim. Tomamos o pequeno-almoço porque sim. Depois um duche porque sim.

Saímos para o trabalho porque sim. Vá, e porque no fim do mês chegam as contas e têm que ser pagas.

Dias em que chegamos a casa à noite e só nos lembramos daquilo que correu mal. Que queremos mudar de vida, blá, blá, blá, queremos menos stresse. Menos caos à nossa volta.

E este filme devia ser visto ao contrário.

Devíamos levantar o cu da cama, ir à janela e respirar o ar daquele dia. De mais um dia. E agradecer por isso.

Acordar quinze minutos mais cedo que o habitual para pôr a mesa do pequeno-almoço e comer com calma, saboreando e lendo mais umas páginas daquele livro que nos tem feito sonhar. E agradecer por isso.

Tomar um duche sim, sentindo a água a escorrer pelo corpo, milímetro por milímetro. Cara, pescoço, ombros, peito, barriga, pernas e pés. Tocar com as mãos na água. Sentir a água nas mãos. E agradecer por isso.

Escolher a roupa que melhor nos fica. Dar uma pintadela no rosto. Ou pôr um bocadinho de rímel e um brilho nos lábios. E agradecer por isso.


Chegar ao emprego e espalhar “bons dias”, com um sorriso no rosto. Por muito que venha de lá um dia complicado e cheio de trombas de elefante, cobras venenosas, sapos para engolir, caras de osga, olhos de carneiro mal morto e macacos de imitação. E, claro, agradecer por isso.
 
Depois, chegar a casa, desligar o botão “trabalho”, ligar o “chegaste a casa, agora relaxa, sff”. E agradecer por isso.

Há dias filhos da mãe. Há pessoas, nesses dias, que nem filhos da mãe devem ser.
 
Há momentos em que focar no essencial é luta de bravos.

Mas eu já estive perto de não acordar. Já estive mais de um ano sem fome e a emagrecer. Já estive quase dois sem poder tomar um duche. Já estive quase um ano sem conseguir trabalhar. E hoje só posso agradecer por ter voltado a conseguir fazer tudo isto.

Nem todos os dias o faço. Mas há outros, como este, dias filhos da mãe, em que me obrigo a parar. Respirar fundo. E seguir em frente. Mesmo que só o faça depois de olhar para trás. E, em particular, para este “atrás”.
 
Aconteça o que acontecer, sintas-te como te sentires, nunca te esqueças disto: acorda, veste-te, aparece e, cum caraças, nunca desistas!

2 comentários:

  1. Todos os dias deviam ser vividos com um sorriso nos lábios, mesmo com "senãos" :)

    ResponderEliminar
  2. Sorri ao ler o post. É muito bom conseguirmos ter o discernimento para relativar as coisas e dar importância a nós próprios e ao que realmente importa...
    Até ao próximo

    ResponderEliminar