Quis ser veterinária, quis
ser hospedeira. E astronauta. Mas, afinal, quem não quis?
Depois, à medida que fui
percebendo o que era isto de ter uma profissão, escolhi a minha. Foi assim que
cedo decidi o que “queria ser quando fosse grande”. Jornalista. “Pivot de Telejornal”,
como eu explicava.
Só mais tarde percebi que “Telejornal”
era apenas o nome do noticiário da noite da RTP.
Na altura, tinha eu uns 12
anos, a minha referência era Manuel Moura Guedes. Gostava da irreverência dela.
Depois a senhora descontrolou-se, é certo, mas teve tempos de grande
jornalista.
Mais tarde passei a seguir a Alberta Marques Fernandes. Gostava da sua determinação. Hoje a minha preferência vai para a Clara de Sousa. Identifico-me com a firmeza com que me passa as notícias. Mas também gosto de ouvir o Rodrigo Guedes de Carvalho e o João Adelino Faria. Estilos diferentes mas ambos me agradam.
Mais tarde passei a seguir a Alberta Marques Fernandes. Gostava da sua determinação. Hoje a minha preferência vai para a Clara de Sousa. Identifico-me com a firmeza com que me passa as notícias. Mas também gosto de ouvir o Rodrigo Guedes de Carvalho e o João Adelino Faria. Estilos diferentes mas ambos me agradam.
Quando a SIC nasceu, há 20
anos, rendi-me. À ousadia, ao formato, ao colorido e à dinâmica. À inovação. Gostei
da vontade de fazer diferente. Era aquele tipo de informação que eu queria e sabia que
ia ser boa a fazer. Confesso que só não me rendi ao entretenimento porque, de
facto, não me identifiquei, nem identifico, muito com aquilo. Mas também não me identifico
com o de nenhum outro canal.
Bom, mas foi com as antenas
apontadas para a ir parar à SIC que fui tirar Ciências da Comunicação, vertente
Audiovisuais e Media Interactivos, à Nova.
Contudo, no 3º ano
da faculdade uma grande amiga pergunta-me o que é que eu achava da ideia de ir a
uma entrevista à empresa onde ela trabalhava, de tecnologia, para o lugar de relações com os media. A minha resposta foi “epá, mas isso não
é coisa de ministro”? Ela riu-se e respondeu “vamos entrar em bolsa e queremos
começar a construir uma relação com os jornalistas que seguem a área de tecnologia,
generalista e economia.” O skills necessários eram um curso na área (que ia
ter), e algum à vontade para falar com um grupo de profissionais considerado “difícil”.
“À vontade é comigo mas difícil porquê?” perguntei. “Bom, a ideia que
se passa, se calhar até injusta, é que estão sempre à procura de polémica e nós só queremos mostrar o que
andamos a fazer de bom e como o que fazemos pode mudar a vida das pessoas.”
Na altura tinha um objectivo:
terminar o curso e seguir o sonho de ser pivot da SIC. Mas lá fui à entrevista
e a vida acabou por me trocar as voltas, mostrar-me outros caminhos e comecei a
estagiar nesta empresa.
Percebia zero vírgula zero de
bit e bites. E disse-o na entrevista. Mas também disse que não era burra e ia
aprender rapidamente. No entanto, acho que o que me safou foi quando acrescentei que,
se eu percebesse o que escrevia, qualquer jornalista ia perceber. E se qualquer
jornalista percebesse, passaria de forma correcta a mensagem ao leitor. E assim
a nossa missão ia estar cumprida. Informar e tornarmos visível uma empresa que
na altura ninguém conhecia.
Aceitaram-me como estagiária.
Tinha 23 anos.
Comecei do zero. Houve alturas em que pensei que jamais iria conseguir fazer o que esperavam de mim. Chegava a casa a chorar e a jurar a mim própria que não ia voltar no dia seguinte. Lembro-me de um dia em que não estava a conseguir fazer o que um dos meus chefes me tinha pedido para fazer num prazo apertado, e que me enfiei na casa de banho a chorar. No fim, respirei fundo, olhei-me ao espelho e limpei as lágrimas. Ganhei coragem, cheguei ao pé dele e disse-lhe “olha, desculpa mas não sei fazer o que me pediste, vais ter que me ajudar.” Ajudou, claro. E cumprimos o prazo. Assunto resolvido, e assim, aprendi que não tinha que saber fazer tudo e que, por vezes, valia a pena assumi-lo e pedir ajuda.
Os primeiros anos não foram
fáceis mas, à medida que o tempo foi passando, e que as notícias sobre a nossa
actividade iam saindo na imprensa, fui ganhando confiança.
Isto foi há 14 anos. E,
apesar de acreditar que estamos sempre a aprender, sinto que já domino bem o que preciso para
fazer um bom trabalho nesta área. E gosto verdadeiramente do que faço.
Mas a empresa foi crescendo, o mundo mudando
e, 14 anos depois, o palco onde se comunica e a forma como se comunica também. O
que os levou a proporem-me manter a função que tinha mas a investir noutras áreas
da comunicação. Áreas que nunca dominei. Aceitei. A medo, porque significava
sair da minha zona de conforto. Mas aceitei. Mais uma vez pensei: se não souber
aprendo, e posso sempre pedir ajuda. E sabem que mais? Há coisas boas e coisas
menos boas, mas estou a gostar.
Claro que há ainda momentos
em que me apetece largar tudo e ir vender legumes à beira da estrada, cocos no
paredão da Caparica, sandes na praia, whatever! E, sim, ainda há momentos em
que me irrito e digo: amanhã não volto! Mas são só momentos. Volto sempre. E
volto para dar o meu melhor. Porque se der o meu melhor, tenho a certeza que
consigo fazer. Até o que achava impossível. Se falho? Claro que falho. Montanhas de vezes! Mas tento
outra vez até sair bem. E raios ma partam se não sai!
Para terminar, que já me
alonguei demais, uma frase que resume o que vos quis passar: os cobardes nunca tentam,
os fracassados nunca terminam, os vencedores nunca desistem.
E desistir é uma
palavra que devemos apagar dos nossos dicionários. Eu já apaguei do meu.
Fico feliz... E, confesso, mais tranquila, com este teu texto. Quer dizer que não vais desistir da nova missão. E voltar amanhã :);)
ResponderEliminarBeijinhos
Sim, se pedir ajuda e me ajudarem mesmo. :)
ResponderEliminar