2 de março de 2013

História do outro mundo. Ou apenas de uma pistoleira do Velho Oeste.

A famosa Calamity Jane. Uma mulher que nasceu em 1852 e viveu nos Estados Unidos. Dizem que terá sido mulher de Wild Bill Hickok, personagem que, depois de ter lutado durante a Guerra Civil Americana, ganhou fama como jogador profissional. Mas foi também um homem da lei e chegou mesmo a xerife do Kansas e do Nebraska. E grande amigo do famoso Buffalo Bill.

Mas voltemos à Calamity Jane. Começou por fazer trabalho de guia e para isso usava sempre um uniforme masculino que lhe dava um ar durão. Entrava nos saloons sem medo, mascava tabaco como um homem. Era audaz e independente. Ah, e praguejava com frequência.
Mais tarde dedica-se à prostituição, depois passa a cozinheira, mineira, lavadeira, entre muitas outras profissões. Sempre se fez à vida, portanto. Desde cedo. Por necessidade, claro. Mas também por temperamento.


Lutou em tempos contra os índios. Mas dela também se dizia que era uma mulher bondosa, e especialmente preocupada com os doentes e com os mais necessitados.
Wild Bill morre em 1876. Calamity Jane perde aquele que foi o amor da sua vida. Mas como mulher lutadora que era, resolve dar-se uma segunda oportunidade e, em 1885, casa-se com Clinton Burke. 10 anos depois separam-se e Calamity junta-se ao show Buffalo Bill, velho amigo do seu grande amor, e ao Buffalo Bill's Wild West Show. Era a contadora de histórias. E, a viajar, vive até ao final da sua vida em 1903, altura em que morre com uma pneumonia. Tinha 51 anos.

Muito bem, tudo muito é interessante mas, por esta altura, estão vocês a perguntar: porque raio a Marta nos está a dar esta chazada de Calamity Jane? Em primeiro lugar, podia responder-vos com um “aprender não ocupa lugar”. Mas é mais que isso. Já lá vamos.
Sempre tive colado a mim o rótulo de “mau feitio”. Aprendi a viver com ele e, confesso, já pouco me incomoda. Felizmente que os que melhor me conhecem, encaram-no mais como personalidade forte. Aliada a pavio curto, é certo, mas personalidade forte. E frontal. Ou isso ou aprenderam a lidar com ele. Seja o que for, tudo bem.


Assumo que me irrita acima de tudo a incompetência, a falta de garra, de querer aprender. A vontade de ser a desgraçada cá da praça. A inércia. O cinismo. Este último também na vida pessoal porque, na vida profissional, o caso muda naturalmente de figura. Mas não lhe chamaria cinismo. Prefiro chamar-lhe “aprender a sobreviver”. Aprender a trabalhar com todo o tipo de pessoas. Das que gostamos e das que não gostamos. A vida é mesmo assim e as empresas estão cheias de gente de quem gostamos mais que outras. É um facto. E também é um facto que temos que aprender a lidar – leia-se trabalhar - com ambas. Confesso que nesse campo tenho tido alguma sorte.
Mas assumo tudo isto e ainda que, quando me deparo com situações que me desagradam, a tampa tende a saltar-me. Mas também tenho noção que a vida tem-me ensinado a ser mais tolerante. Menos dona da verdade. Mais flexível. E calma, estou nos 37 anos, por isso tenho ainda muito caminho pela frente para aprender. Ou seja, vou tentando sempre melhorar.

“Mas isto não explica a conversa sobre a pistoleira do velho oeste”. Pois não. Mas se vos contar o fim da história, talvez este meu “mau feitio”, “personalidade forte”, ou que quiserem chamar-lhe, tenha, finalmente, uma explicação.
A Calamity Jane não nasceu com este nome. A Calamity Jane nasceu como Martha Jane Cannary. Sim, Martha Cannary. Como eu, Marta Canário.

Quem sabe, não estamos de alguma forma ligadas? O mesmo nome, a mesma garra, a mesma “personalidade forte”. E também contadora de histórias...
Coincidência? Talvez, mas que é curioso é! E eu, confesso, adoro a ideia de um dia, noutra vida, poder ter sido uma pistoleira do velho oeste…

 

PS – ah, e para aqueles que ainda tinham a esperança que eu me tornasse mesmo, mesmo “boazinha”, esqueçam. Pelos vistos está-me nos genes…

2 comentários:

  1. Fantástico, para além de uma lição de história mais um pouco de lição de vida.

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  2. Fenomenal, coincidência ou não ...
    Acho fantástico a sua frontalidade e orgulho em assumir, independentemente de se gostam ou não, aquilo que é e no que acredita, doa a quem doer.
    Um beijinho grande e continue assim, isso fá-la uma pessoa muito especial :)

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