Mas voltemos à Calamity Jane. Começou por fazer trabalho de
guia e para isso usava sempre um uniforme masculino que lhe dava um ar durão. Entrava
nos saloons sem medo, mascava tabaco como um homem. Era audaz e independente. Ah, e praguejava
com frequência.
Mais tarde dedica-se à prostituição, depois passa a cozinheira,
mineira, lavadeira, entre muitas outras profissões. Sempre se fez à vida,
portanto. Desde cedo. Por
necessidade, claro. Mas também por temperamento. Lutou em tempos contra os índios. Mas dela também se dizia que era uma mulher bondosa, e especialmente preocupada com os doentes e com os mais necessitados.
Muito bem, tudo muito é interessante mas, por esta altura,
estão vocês a perguntar: porque raio a Marta nos está a dar esta chazada de
Calamity Jane? Em primeiro lugar, podia responder-vos com um “aprender não
ocupa lugar”. Mas é mais que isso. Já lá vamos.
Sempre tive colado a mim o rótulo de “mau feitio”. Aprendi
a viver com ele e, confesso, já pouco me incomoda. Felizmente que os que melhor
me conhecem, encaram-no mais como personalidade forte. Aliada a pavio curto, é
certo, mas personalidade forte. E frontal. Ou isso ou aprenderam a lidar com ele.
Seja o que for, tudo bem.Assumo que me irrita acima de tudo a incompetência, a falta de garra, de querer aprender. A vontade de ser a desgraçada cá da praça. A inércia. O cinismo. Este último também na vida pessoal porque, na vida profissional, o caso muda naturalmente de figura. Mas não lhe chamaria cinismo. Prefiro chamar-lhe “aprender a sobreviver”. Aprender a trabalhar com todo o tipo de pessoas. Das que gostamos e das que não gostamos. A vida é mesmo assim e as empresas estão cheias de gente de quem gostamos mais que outras. É um facto. E também é um facto que temos que aprender a lidar – leia-se trabalhar - com ambas. Confesso que nesse campo tenho tido alguma sorte.
“Mas isto não explica a conversa sobre a pistoleira do
velho oeste”. Pois não. Mas se vos contar o fim da história, talvez este meu “mau
feitio”, “personalidade forte”, ou que quiserem chamar-lhe, tenha, finalmente,
uma explicação.
A Calamity Jane não nasceu com este nome. A Calamity Jane
nasceu como Martha Jane Cannary. Sim, Martha Cannary. Como eu, Marta Canário.
Quem sabe, não estamos de alguma forma ligadas? O mesmo
nome, a mesma garra, a mesma “personalidade forte”. E também contadora de histórias...
Coincidência? Talvez, mas que é curioso é! E eu, confesso,
adoro a ideia de um dia, noutra vida, poder ter sido uma pistoleira do velho
oeste…
PS – ah, e para aqueles que ainda tinham a esperança que
eu me tornasse mesmo, mesmo “boazinha”, esqueçam. Pelos vistos está-me nos
genes…
Fantástico, para além de uma lição de história mais um pouco de lição de vida.
ResponderEliminarFenomenal, coincidência ou não ...
ResponderEliminarAcho fantástico a sua frontalidade e orgulho em assumir, independentemente de se gostam ou não, aquilo que é e no que acredita, doa a quem doer.
Um beijinho grande e continue assim, isso fá-la uma pessoa muito especial :)