1 de junho de 2013

Um dia de cada vez.

Há dias em que valem por uma montanha deles. Que devemos recordar…e saborear cada minuto.

Bem sei que deviam ser todos assim mas sabemos que isso não acontece sempre.

Mas o dia de hoje foi bom.

Para começar acordei sem as minhas famosas enxaquecas, que me dão náuseas, depois quebra total e no, fim, cabo dos nervos. Fico inutilizável. Imprópria para consumo. Nestes dias não presto p-a-r-a n-a-d-i-n-h-a.

Depois o meu pinhal estava lindo. Metade ao sol, metade à sombra. Metade verde alface, metade verde-escuro.

Os meus amigos corvos vieram brindar-me. Fartaram-se se cantar. Para mim.

Desta vez ouvi um piar novo. Tentei perceber de onde vinha mas o pássaro estava escondido nas árvores. Vou estar atenta porque quero saber se é tão lindo como canta.

O gato coxo lá estava. Passando por baixo dos carros estacionados no parque, rasteirinho, um a um. Até ao canteiro onde a senhora platinada, que desce todos os dias do autocarro à minha porta, lhe deixa água e comida.

Passam poucos minutos e vejo o gato amarelo, companheiro de aventura do coxo, a aproximar-se devagarinho. Amigos, amigos, mas cada um come do seu. Ali há regras. Ali o amarelo não pica. E ele sabe. Por isso, fica a uns palmos, e espera que ele acabe. Depois enfiam-se os dois no pinhal. Deixo de os ver.
 
Toca-me o telemóvel e vejo no visor o nome de uma amiga que gosto muito. Daquelas de quem podemos estar algum tempo afastada, mas que liga sempre no momento certo. Falamos a correr mas deixamos a certeza de que estamos ali para o que der e vier. "Beijinhos, tenho que desligar, depois falamos!"

Volto para dentro e para o computador. Comprometi-me com a Sónia dar-lhe uma entrevista para o jornal onde trabalha e estava quase na hora. Rubrica “Lutadores”. Quando me pediu pensei: bom, lá vou eu repetir a minha história. Mas como já não o faço há algum tempo, aceito. Combinamos falar via skype.

Toca o “telefone”, atendo com vídeo. Do outro lado, uma cara de quem apenas conheço o blog “Cocó na Fralda”, que vejo de vez em quando. É giro quando ouvimos a voz e vemos a cara de quem conhecemos apenas o nome e os textos.

Começamos a falar…e o tempo voa.

Esperava uma entrevista igual às outras mas não. Foi divertida e fez-me reviver alguns momentos que guardo na memória. Uns bons, outros nem por isso. Mas todos importantes para ser o que sou hoje.
 
Quando estamos à conversa oiço do outro lado “Marta, dá-me um bocadinho que estão a bater-me à porta. Não saias daí.” Não saí. Oiço uma mãe a receber um filho, que lhe conta do exame da escola. E lembro-me da Carlota, que faz exactamente o mesmo assim que entra em casa depois de um dia de teste. Percebo depois que era suposto a Sónia ter ido buscar o filho à carrinha e que entre palavras se esquece do tempo…e do filho!

Hora e meia depois de muita conversa, e ainda mais gargalhadas, despedimo-nos. Mas prometemos voltar a falar porque “o espaço para esta rubrica é muito pequeno para tanta coisa e vou querer fazer algo mais com o material que me deste”. Com muito prazer, Sónia.

Volto ao trabalho, envio mais uns emails. Preparo o trabalho da semana para poder acompanhar mais de perto a cirurgia da minha mãe na segunda-feira.  
 
Faço-lhe um poema. Nunca tinha feito nenhum. Não está brilhante mas está como me saiu. Do coração. E percebo mais uma vez que é tão mais fácil escrever o que sinto. Sai-me melhor…

Está tudo preparado para mais esta prova. Mas andava-me a irritar a ideia dela estar no hospital sem poder ter acesso ao email e ao Facebook – que aprendeu a gostar e sempre que pode espreita – quando eu me venho embora.

Lembro-me do meu tablet, do meu querido tablet. Que a minha mãe “achava giro mas para ti”. Ponho-lhe um cartão de dados, configuro-lhe o acesso à conta de Facebook, o email do trabalho e ensino-a a mexer naquilo. Já passaram 2h e ainda não o largou. Já lhe mexe como eu. E assim fico descansada porque vai poder estar mais distraída quando eu não estiver por perto.

Abro o meu Facebook e deparo-me com uma foto da Carlota postada pela mãe, a minha irmã. Amanhã é o dia da criança. E a nossa vai estar ainda mais feliz porque sabe que tem uma surpresa.

A noite já caiu e o dia está quase acabar. Olho para trás, e sabe-me bem recordá-lo.

O trabalho correu bem. Conheci uma pessoa que me pareceu especial. Vi a minha mãe mais animada. E amanhã é o dia de uma das pessoas mais importantes da minha vida.

Foi um dia bom. Os próximos também vão ser. E vividos um de cada vez.

Há dias cheios de vírgulas. Outros cheios de reticências. Alguns com parêntesis a mais. Muitos com pontos finais. Mas hoje o meu acabou com um granda ponto de exclamação!
 

2 comentários:

  1. Cheguei ao teu blog através do Coco na Fralda e gostei bastante, decidi seguir-te! :)
    Bom fim de semana *

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