Bem sei que deviam ser todos assim mas sabemos que isso não acontece sempre.
Mas o dia de hoje foi bom.
Para começar acordei sem as minhas famosas enxaquecas, que me dão náuseas,
depois quebra total e no, fim, cabo dos nervos. Fico inutilizável.
Imprópria para consumo. Nestes dias não presto p-a-r-a n-a-d-i-n-h-a.
Depois o meu pinhal estava lindo. Metade ao sol, metade à sombra. Metade
verde alface, metade verde-escuro.
Os meus amigos corvos vieram brindar-me. Fartaram-se se cantar. Para mim.
Desta vez ouvi um piar novo. Tentei perceber de onde vinha mas o pássaro estava
escondido nas árvores. Vou estar atenta porque quero saber se é tão lindo como
canta.
O gato coxo lá estava. Passando por baixo dos carros estacionados no parque,
rasteirinho, um a um. Até ao canteiro onde a senhora platinada, que desce todos
os dias do autocarro à minha porta, lhe deixa água e comida.
Passam poucos minutos e vejo o gato amarelo, companheiro de aventura do coxo, a
aproximar-se devagarinho. Amigos, amigos, mas cada um come do seu. Ali há
regras. Ali o amarelo não pica. E ele sabe. Por isso, fica a uns palmos, e
espera que ele acabe. Depois enfiam-se os dois no pinhal. Deixo de os ver.
Toca-me o telemóvel e vejo no visor o nome de uma amiga que gosto muito. Daquelas de quem podemos estar algum tempo afastada, mas que liga sempre no momento certo. Falamos a correr mas deixamos a certeza de que estamos ali para o que der e vier. "Beijinhos, tenho que desligar, depois falamos!"
Volto para dentro e para o computador. Comprometi-me com a Sónia dar-lhe
uma entrevista para o jornal onde trabalha e estava quase na hora. Rubrica “Lutadores”.
Quando me pediu pensei: bom, lá vou eu repetir a minha história. Mas como já não o faço há algum tempo, aceito. Combinamos
falar via skype.
Toca o “telefone”, atendo com vídeo. Do outro lado, uma cara de quem apenas
conheço o blog “Cocó na Fralda”, que vejo de vez em quando. É giro quando
ouvimos a voz e vemos a cara de quem conhecemos apenas o nome e os textos.
Começamos a falar…e o tempo voa.
Esperava uma entrevista igual às outras mas não. Foi divertida e fez-me
reviver alguns momentos que guardo na memória. Uns bons, outros nem por isso.
Mas todos importantes para ser o que sou hoje.
Quando estamos à conversa oiço do outro lado “Marta, dá-me um bocadinho que
estão a bater-me à porta. Não saias daí.” Não saí. Oiço uma mãe a receber um
filho, que lhe conta do exame da escola. E lembro-me da Carlota, que faz
exactamente o mesmo assim que entra em casa depois de um dia de teste. Percebo
depois que era suposto a Sónia ter ido buscar o filho à carrinha e que entre
palavras se esquece do tempo…e do filho!
Hora e meia depois de muita conversa, e ainda mais gargalhadas, despedimo-nos.
Mas prometemos voltar a falar porque “o espaço para esta rubrica é muito pequeno
para tanta coisa e vou querer fazer algo mais com o material que me deste”.
Com muito prazer, Sónia.
Volto ao trabalho, envio mais uns emails. Preparo o trabalho da semana para
poder acompanhar mais de perto a cirurgia da minha mãe na segunda-feira.
Faço-lhe um poema. Nunca tinha feito nenhum.
Não está brilhante mas está como me saiu. Do coração. E percebo mais uma vez que é tão mais fácil escrever
o que sinto. Sai-me melhor…
Está tudo preparado para mais esta prova. Mas andava-me a irritar a ideia dela
estar no hospital sem poder ter acesso ao email e ao Facebook – que aprendeu a
gostar e sempre que pode espreita – quando eu me venho embora.
Lembro-me do meu tablet, do meu querido tablet. Que a minha mãe “achava
giro mas para ti”. Ponho-lhe um cartão de dados, configuro-lhe o acesso à conta
de Facebook, o email do trabalho e ensino-a a mexer naquilo. Já passaram 2h e
ainda não o largou. Já lhe mexe como eu. E assim fico descansada porque vai
poder estar mais distraída quando eu não estiver por perto.
Abro o meu Facebook e deparo-me com uma foto da Carlota postada pela mãe, a minha irmã.
Amanhã é o dia da criança. E a nossa vai estar ainda mais feliz porque sabe que
tem uma surpresa.
A noite já caiu e o dia está quase acabar. Olho para trás, e sabe-me bem recordá-lo.
O trabalho correu bem. Conheci uma pessoa que me pareceu especial. Vi a
minha mãe mais animada. E amanhã é o dia de uma das pessoas mais importantes da
minha vida.
Foi um dia bom. Os próximos também vão ser. E vividos um de cada vez.
Há dias cheios de vírgulas. Outros cheios de reticências. Alguns com parêntesis
a mais. Muitos com pontos finais. Mas hoje o meu acabou com um granda ponto de
exclamação!
Cheguei ao teu blog através do Coco na Fralda e gostei bastante, decidi seguir-te! :)
ResponderEliminarBom fim de semana *
Obrigada e espero que gostes!
ResponderEliminarBjo!